A Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu, desde 2007, o 2 de abril como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. A doença, que é uma condição neurológica permanente, atinge cerca de 1% da população mundial, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Se for levado em consideração o percentual de 1% aceito pela OMS, o número de casos de autismo no Brasil deve estar em torno de 2 milhões. No mundo, o número é estimado em 70 milhões de autistas.
As crianças diagnosticadas com autismo ou distúrbios relacionados vem crescendo exponencialmente. Um estudo publicado pelo Centro para Controle e Prevenção de Doenças dos EUA – Centers for Disease Control and Prevention (CDC) – aponta que 1 em cada 68 crianças americanas com até oito anos de idade tem autismo. A prevalência do transtorno no país sofreu um aumento de 30% em relação aos números divulgados em 2012, os quais apontavam que uma em cada 88 crianças dos Estados Unidos estariam dentro do espectro autista. Na década de 80, este número era de 1 a cada 2 mil crianças
O relatório revelou que a maioria das crianças com autismo recebe o diagnóstico após os quatro anos de idade, embora o Transtorno possa ser detectado muito antes disso. A detecção precoce é a ferramenta mais eficaz que temos para fazer a diferença na vida dessas crianças.
Casos de sucesso nesse tipo de tratamento não são tão raros quanto se pensava. Há mais de uma década, com diagnóstico precoce e terapias intensas, entre 1% e 5% dos autistas progridem ao ponto de saírem do espectro.
No Brasil, a data é celebrada com muitos eventos públicos e palestras que acontecem em quase todas as cidades brasileiras. Vários pontos turísticos do País são iluminados e decorados na cor azul, a cor que simboliza o autismo.
A partir do último Manual de Saúde Mental – DSM-5, que é um guia de classificação diagnóstica, o Autismo e todos os distúrbios, incluindo o transtorno autista, transtorno desintegrativo da infância, transtorno generalizado do desenvolvimento não-especificado (PDD-NOS) e Síndrome de Asperger, fundiram-se em um único diagnóstico chamado Transtornos do Espectro Autista – TEA.
O TEA é uma condição geral para um grupo de desordens complexas do desenvolvimento do cérebro, antes, durante ou logo após o nascimento. Esses distúrbios se caracterizam pela dificuldade na comunicação social e comportamentos repetitivos.
Embora todas as pessoas com TEA partilhem essas dificuldades, o seu estado irá afetá-las com intensidades diferentes. Assim, essas diferenças podem existir desde o nascimento e serem óbvias para todos; ou podem ser mais sutis e tornarem-se mais visíveis ao longo do desenvolvimento.
O TEA pode ser associado com deficiência intelectual, dificuldades de coordenação motora e de atenção e, às vezes, as pessoas com autismo têm problemas de saúde física, tais como sono e distúrbios gastrointestinais e podem apresentar outras condições como síndrome de déficit de atenção e hiperatividade, dislexia ou dispraxia. Na adolescência podem desenvolver ansiedade e depressão.
Algumas pessoas com TEA podem ter dificuldades de aprendizagem em diversos estágios da vida, desde estudar na escola, até aprender atividades da vida diária, como, por exemplo, tomar banho ou preparar a própria refeição.
Algumas poderão levar uma vida relativamente “normal”, enquanto outras poderão precisar de apoio especializado ao longo de toda a vida.
Assim como qualquer ser humano, cada pessoa com Autismo é única e todas podem aprender.
As pessoas com Autismo podem ter alguma forma de sensibilidade sensorial. Isto pode ocorrer em um ou em mais dos cinco sentidos – visão, audição, olfato, tato e paladar – que podem ser mais ou menos intensificados. Por exemplo, uma pessoa com autismo pode se incomodar com determinados sons de fundo, que outras pessoas ignorariam. Isto pode causar ansiedade ou mesmo dor física.
Alguns indivíduos que são menos sensíveis podem não sentir dor ou temperaturas extremas. Algumas podem balançar, rodar ou agitar as mãos para criar sensação, ou para ajudar com o balanço e postura ou para lidar com o stress ou ainda, para demonstrar alegria.
As pessoas com sensibilidade sensorial podem ter mais dificuldade no conhecimento adequado de seu próprio corpo. Consciência corporal é a forma como o corpo se comunica consigo mesmo ou com o meio. Um bom desenvolvimento do esquema corporal pressupõe uma boa evolução da motricidade, das percepções espaciais e temporais, e da afetividade.
Quanto mais cedo o programa de intervenções começar, maiores são as chances da pessoa com Transtorno do Espectro Autista se desenvolver melhor, com mais qualidade de vida.
Por isso, se a família começou a identificar alguns sinais de que há algo diferente no desenvolvimento ou comportamento da criança, o melhor caminho a seguir é o serviço de atendimento multidisciplinar.
No Brasil, temos 2.159 Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) , onde a maioria delas oferecem atendimentos clínicos e pedagógicos para pessoas com Transtorno do Espectro Autista.
Com 62 anos de existência, a Rede Apae é pioneira no tratamento de pessoas com deficiência intelectual e múltipla no Brasil. Procure a unidade mais próxima do seu município e se informe sobre como fazer parte do Movimento. Ou entre no site da Federação Nacional das Apaes (Fenapaes).